ADOROWEB - Anti-herói: e as armas secretas da literatura



Oláa, tudo bem com vocês meus weblovers?? Eu? Bem, eu não sei bem como me definiria. Isso porque nesta sexta-feira, fui fazer uma das coisas que mais gosto na vida: ir ao cinema. Mas, ao contrário da maioria que preferiria ir para ver um filme leve, sabe, para aliviar as pressões e o estresse do dia-a-dia, eis que a senhorita que voz fala foi assistir “A cinco passos de você” e...  GENTEINN, QUE FILME É ESSE?? Sério, eu quase tive que usar o balde de pipoca pra pegar as minhas lágrimas de tanto que chorei! BUT, é claro que não dividirei meu sofrimento sozinha né, por isso, assistam galera, é muuuito bom!

Autor(a): Cristina Ravela
Ano: 2017
E é neste estado emocional devastado por tantas emoções que me encontro para falar da trama de hoje. Mas não se enganem, uma de minhas melhores características é ser totalmente imparcial, portanto, acreditem quando digo que isto não tem nada a ver com o fato de eu ter absolutamente amado esta história!

Do gênero romance policial, ela conta a saga de Nilo, jornalista de um conceituado jornal e justiceiro nas horas vagas, mais conhecido como herói em sua cidade. Bom, isso pela maioria da população, no entanto, há muitos que apenas esperam pela oportunidade de provar que esse rótulo não passa de uma falsa fachada para esconder um verdadeiro criminoso.
Acredito que um dos maiores desafios das críticas que faço aqui, seja o de explicar as razões pelas quais uma trama deu certo ou não, no entanto, nunca me vi tão certa do porque “Anti-herói” conseguiu tamanho êxito. Acontece que não se trata apenas de uma razão, mas de verdadeiras armas secretas, altamente desenvolvidas e quase que desconhecidas pelos autores de web hoje em dia, mas que foram cruciais para o sucesso desta narrativa. Portanto, hoje, meu objetivo com esta crítica não será somente desvendá-las para vocês, como ensinar a usá-las a seu favor! (Sou uma fada, não sou? Haha).

Antes de tudo, é importante fazer uma pergunta: Como você sabe onde você está? “Quê Érika? Que pergunta idiota é essa?”. Calma, gente, deixem eu terminar... Como você sabe qual é o lugar em que se encontra, como está o clima lá fora, ou o que você está sentindo neste momento? Sim, parece óbvio né. Pelos dados que se obtêm pelos sentidos! A visão, o olfato e nossa percepção de nós mesmos. Agora, me respondam, como isso se dá na literatura? Sim, porque, não podemos por exemplo, VER uma narrativa, tocar, cheirar... Sendo assim, qual o único modo pelo qual podemos saber o que se passa? Pelos dados que o autor te oferece, certo? E isso, meus caros, se chama ambientação.

“Ah! São tipo aqueles detalhes suuuper chatos e descritivos das roupas e do cenário que tinham naqueles livros antigos, tipo do “Martelo” de Assis?”. Exatamente! Agora, aposto que você nunca parou para pensar na importância que isso tem, não é mesmo? Pois devo dizer que, o motivo por trás disso, está longe de ser de esses autores serem malucos fissurados por arquitetura ou gays enrustidos que adoram roupas, mas que eles sabiam muito bem que o modo como é descrito um ambiente ou explicado uma vestimenta, determina diretamente o modo como o leitor se sentirá em relação a isso.

E parece que esta autora esperta soube disso também, porque sua trama está recheada de informações descritivas que nos ajudaram muito a adentrar o ambiente de sua trama. Sim, pois, como nós sentiríamos o estilo de bandido de classe de Vinnie, não fossem seus ternos brancos e polidos? Ou o de justiceira séria e apaixonada que a calça de couro apertada de Lila relevava? Sem falar no clima cinza e dramático dos prédios velhos e ambientes empobrecidos que davam o tom depressivo de como Nilo, o personagem principal, via o mundo. Que nos ajudaram não somente a compreender sua visão como a sentí-la também, e assim, inserido em seu modo de ver, o leitor se vê arremedado aquela persona e não pode evitar torcer por ela.

Mas é claro que apenas construir uma boa imersão no mundo fictício não fará seus envolvidos terem carisma, todavia, para isso, temos uma outra arma: A dualidade psicológica, ou como chamamos em literatura, personagem redondo. É quando as personalidades na história mostram ter mais faces do que as apresentadas de início. É como se você se apaixonasse perdidamente pelo porteiro do prédio. Um dia então, vocês vão em um encontro. E você já começa a estranhar, por que ele resolveu ir de uniforme. Até que, de repente, ele para, na porta do restaurante e permanece inerte. “Amor, vamos entrar”, você diz. Mas ele responde, logo abrindo a porta para uma senhora que chegara: “Não posso, eu sou um porteiro, meu trabalho é somente abrir a porta”.

Estranho, né? Porém é desta mesma forma, que se parecem muitos personagens hoje em dia. São criados apenas com um objetivo, de serem vilões ou mocinhos, ou o cabeleireiro, ou o cara chato, etc, mas nunca demonstrando ser mais do que isso. E é claro que isso tira o tom de realidade, afinal, ninguém é do mesmo jeito o tempo todo. Assim, criar diversas facetas para um personagem, só o fará parecer mais interessante e real para quem lê, e desta vez, mais próximo dele.

Como Nilo que, demonstrava claramente uma bondade e um desejo por justiça, mas ainda sim, tinha que lidar com seu temperamento explosivo, ou Vinnie, o grande vilão da história, dividido em sua maldade e admiração quase romântica pelo último. E isso só melhora quando a escritora, sabendo usar bem essa dualidade criada, os coloca constantemente em conflito com seus sentimentos. De fato, os embates e interações entre os personagens eram eletrizantes e chamativos, pois, todos eles deixavam suas intenções conhecidas a todo instante. Destaque para a dupla Murilo e Nilo que estabeleceram um desenvolvimento convincente, indo do ódio à admiração amigável.

Tá, o leitor já se encontra totalmente inserido na história e envolvido pelos personagens, o que faremos agora? Claro, movimentaremos o enredo! Sim, porque, ter bons personagens, mas um enredo ruim, é como inserir os vingadores em uma piscina de bolinhas!

E para isso, outro truque muito bem feito! Após formar um bom protagonista, cheio de profundidade e questões psicológicas convincentes, faremos tudo girar em torno disto. Assim, o enredo passa a tramar ao redor do modo como todos veem Nilo e sua busca incessante por auto afirmação. Desse modo, ele passa a ter um objetivo claro e o texto não se perde em subtramas desnecessárias.

Ambientação, Dualidade psicológica e enredo focado, eis os segredos desta trama.

Agora, se para você tudo isso pareceu novo, sinto dizer que está um pouco atrasado. Acontece que tudo isso já foi criado há muito tempo atrás pelos mesmos autores chatos que você se recusa a ler para fazer resumo escolar. O problema é que nos devíamos disto, achando que podíamos ignorar anos de aprendizado e fazer do nosso próprio jeito. O resultado? Diversas tramas vazias, porcamente escritas e que são esquecidas em segundos.

Ao ver esta obra então, me nasceu a esperança de que haja ainda pessoas realmente interessadas em produzir trabalhos incríveis e ávidas em aprimorar-se nisso. Quero, então, dar meus muitíssimos parabéns a escritora e agradecer a ela a oportunidade de usar seu texto para ajudar muitos autores. E não existe maior prova do quanto admirei sua obra do que esta!


Então é isso gente, espero que tenham gostado. Embora o texto tenha ficado enorme, me vi na oportunidade de falar de assuntos que há muito tempo queria tratar com vocês. Ah, preciso dizer mesmo o quanto estou animada para a segunda temporada desta web? Não,né. Até a próxima. Beijoo e bye bye!






 

_______________________
  • Notas DIGG TV
1.     Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2.     As opiniões expressas nessa coluna não refletem necessariamente as da DIGG TV. Elas são de total responsabilidade do autor.
3.     Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
  • Direito de Imagem (Rating)
      Designed by starline / Freepik

Postar um comentário

13 Comentários

  1. Gostaria que vc criticasse Amores Passados, do Ranable Webs. A web ainda não estreou kkk, mas devido a sua lista extensa de webs para avaliar, acho que até lá a obra já estará finalizada.
    Abraços <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Opa! Obrigada pela sugestão. Será uma honra criticar esta web e obrigada pela compreensão haha. ❤

      Excluir
  2. qual a proxima web a ser avaliada?

    ResponderExcluir
  3. Lembro de ter lido um texto seu que abordava isso: ambientar não é apenas citar a posição geográfica das ações. Isso ficou bastante marcado na minha mente e com essa critica voltou a aflorar. Confessor que quando li Inocência do Taunay eu achei Charo a introdução com essa ambientação, mas Machado de Assis sempre achei o máximo, ao lado de Nelson Rodrigues. Parabéns pela crítica e a autora da obra citada

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ambientação era uma das coisa que eu mais achava inútil e cansativo em uma narrativa, mas aprendi da pior forma o quanto ela era importante. E após inserir nos meus textos, percebi que ela não somente é importante para o leitor mas para nós autores também. É incrível como colocar em palavras todo aquele mundo imaginado em sua mente, desenvolve em você uma maturidade muito maior na escrita, pois te ensina a dar vida as coisas antes nunca descritas, te entregando um arcabouço muito maior de expressões e enriquecendo a experiência de quem lê.
      Ainda irei fazer um artigo a respeito da dualidade psicológica e seu mau uso nas webs de hoje, pois vejo que muitos, inclusive vi em obras sua mocinha, não interpretaram bem essa técnica.
      Mas fico feliz que está conseguindo tirar conhecimento do que tenho escrito. Continue a se aprimorar e busque ajuda nos clássicos, lá estão as bases para toda a boa história. Boa sorte.

      Excluir
    2. Isso mais em OMSS, né? Pq o Mateus em Destino acho que consegui acertar a mão.

      Excluir
  4. Caramba nota 04!!!! A Web deve ser incrivelmente boa!!!!
    Qual a próxima?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim menina, a web é boa mesmo. Te pega de uma forma incrível e olha que o gênero policial nem é o meu favorito.
      E a próxima será "revolução da liberdade". 😘

      Excluir
  5. Gente...fiquei sabendo que ia ter análise e já esperei pelo pior lindamente kkkkkk. Agradeço o tempo para ler e a disposição, afinal, 40 páginas em 8 episódios né brincadeira não. É sempre muito bom quando alguém percebe o clima no qual inserimos o personagem, e vc percebeu o modo como o Nilo vi ao mundo até pelo cenário e isso é incrível! Quando sair a 2ª temporada venho aqui te avisar. Obrigada!

    ResponderExcluir
  6. Oi Cristina, eu que agradeço por ter escrito esta obra incrível. Agora, você presumiu o pior porque mocinha? Acho que minha fama não está muito boa haha.
    Mas não havia motivos pra se preocupar, principalmente com uma história como estas. Espero que continue a se aprimorar para tornar sua escrita ainda mais madura. Parabéns.
    E é mais do que seu dever me avisar quando for sair a segunda temporada, ok? Kkkk. Beijo. ❤

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vc tem má fama, girl kkkkkkkkk. Vou me arriscar e pedir review de outra produção. É uma minissérie em 13 capítulos, originalmente exibida em 2016 e reprisada em 2018. Gato Preto >> https://www.cybertv.com.br/minisseries/gato-preto/

      Já deixo aqui. Se puder marcá-la em sua agenda. Agora é 13! kkkkkkkkkhahahaddad

      Excluir
  7. PUXA Vida...
    Tô bem atrasada 😭😭 kkkk

    Agora tô pensando em ler mais kkkkkk
    Antes de escrever...

    Valeu por mais uma crítica


    ResponderExcluir

SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS! O QUE ACHOU DO CONTEÚDO?